Efeito Dominó - parte 4

Numa discoteca, Jorge ficou encantado
Por uma rapariga alta, loira e elegante
Logo se comportou de modo galante
Pois aquela jovem deixava-o excitado

Irina era o nome daquela musa
Que na vida de Jorge irrompera
A sua companhia ele oferecera
Insistiria em caso de haver recusa

Em breve uma relação eles iniciaram
Jorge tudo fazia para lhe ser agradável
Presenteava-a, para parecer desejável
Bastantes euros assim se gastaram

20.06.2012

Efeito dominó - parte 3

Emilinha manifestou desejo de abraçar a fé
Pretendia entrar para uma ordem religiosa
Não concebia nenhuma opção mais virtuosa
A sua vida era vaga, por vezes sem sentido, até

Com o egoísmo e a ambição, não se identificava
Permanecia imune à atracção pelo sexo oposto
Dificilmente acendia alguma chama no seu rosto
Com as trivialidades com que ela se deparava

O seu pai chamou Zé Maria, para a dissuadir
Ele logo acorreu, com palavras vivas, emotivas
Que as alegrias do mundo seriam significativas
E que a sua existência ela não deveria destruir

Nos seus dezanove anos, plenos de vitalidade
Seria um suicídio ela ingressar num convento
A sua delicada calma, sem nada de turbulento 
Tornava ininteligível esse corte com a realidade

Por fim, ela prometeu que reflectiria longamente
Ponderar se aquela escolha era a mais adequada
Zé Maria partiu com a sua mente esperançada
De que ela deixaria aquela ideia deprimente

24.05.2012

Efeito dominó - parte 2

Dois anos antes, prosperava a vida de Zé Maria
Tanto sucesso quanto o que ele desejaria

Gestor de topo, por colegas e concorrentes admirado
Cujo profissionalismo se tornara muito afamado

Também tivera bastante sorte na sua vida conjugal
Ele e Patrícia gozavam de uma lua-de-mel divinal

O seu filho, Gabriel, a crescer em harmonia
Proporcionava-lhe imenso orgulho e alegria

O seu irmão Jorge residia na rua das traseiras
Gostava muito de festas e grandes bebedeiras

Tinha ainda outra irmã mais nova, a Emilinha
Quase sempre silenciosa, discreta e sozinha

18.05.2012

Efeito Dominó - parte 1

I (prólogo)

— Enche bem este copo, uma vez mais!
Assim o solicitava o abstraído Zé Maria
Depois das festas faziam-se os arraiais
E naquela noite muitos copos ele bebia

Fitava a multidão, o luar e as estrelas
Se pudesse ter evitado o que ocorrera!
As desgraças, nunca deixaria de vê-las
Não lhe chegava o álcool que bebera

Com o álcool sentia-se como anestesiado
Cada vez mais ausente da sua realidade
Pudesse ele permanecer assim sedado
Liberto da sua dilacerante infelicidade

18.05.2012


Aqui começa "Efeito Dominó", a história de Zé Maria, baseada unicamente na situação inicial... Ou seja, a partir de um homem embriagado numa festa, imaginei o resto.

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Justiça imanente - parte XXI (final)



Um dia em que o homem veio buscar os filhos
A mulher resolveu que aquela era a altura ideal
Foi com eles, conversou sobre os idos sarilhos
E como a sua decisão fora precipitada e brutal

Explicou-lhe que estava deveras arrependida
Que podiam ter sido muito felizes todos juntos
Que a sua afeição era semelhante aos presuntos:
Com o passar do tempo ficava mais favorecida

O homem ficou com isto bastante maravilhado
Não suspeitara que a alteração tão drástica seria
Após pouquíssimo tempo se ter ainda passado
O grande erro era afinal ela quem o admitia…

Ele propôs-lhe que para a sua casa tornasse
Que tudo voltaria a ser como era dantes
Todos os aspectos voltariam, semelhantes
Para que a tradição entre eles se perpetuasse

13.01.2010

Assim terminou a sequência de justiça imanente. As histórias em verso fascinam-me cada vez mais. Há uns tempos terminei outra, um pouco maior do que esta.

Justiça imanente - parte XX



Sem lhe cobrar, a prima pagara as despesas
Esperando até que chegasse o seu salário
No final do mês, que viesse sem surpresas
Já havia poucos mantimentos no armário

Onde houvera revolta, preguiça ela discernia
Arrependia-se de a ter levado a ir para o café
Ela não demonstrara vontade e nem simpatia
Lamentava-se, como se tivesse partido um pé

A prima amaldiçoava os seus momentos rasgados
Em que quisera ajudar quem no fundo não queria
Quis que os seus valores fossem transplantados
Para uma pessoa que nunca os apreciaria

Mas tinha pena das crianças por ela criadas
Receava que se tornassem cópias dos pais
As situações não seriam por ela ocasionadas
Sabia que ali já não poderia intervir mais

Aquela não era a sua luta, tinha de reconhecer
Por muito que lhe custasse aquela realidade
Apesar da traição, o homem iria sempre vencer
E a mulher continuaria feliz na sua futilidade

13.01.2010